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Segunda, 01 de Abril de 2024.

Não nos esqueceremos: 60 anos do Golpe Militar
Neste 1º de abril, CFESS relembra a ditadura civil-militar (1964-1985), que sequestrou, torturou e matou pessoas, inclusive assistentes sociais

Card que simula página envelhecida com artes que ilustram a violência militarArtes: Rafael Werkema/CFESS

 

 

Na madrugada entre 31 de março e 1º de abril de 1964 dava-se o início de um dos tempos mais sombrios da história brasileira, em que o Estado repressivo e opressor, por 21 anos, sequestrou, torturou e matou as pessoas que ousaram lutar por liberdades democráticas e direitos humanos. Muitas delas assistentes sociais.

 

A ditadura civil-militar (1964-1985) marcou a memória e a história do Brasil, com vidas perdidas, opressões, violências e trajetórias cerceadas. Portanto, não pode ser compreendida como algo passado, tampouco superado.

 

A memória sobre esse período histórico no nosso país precisa ser resgatada em nome de pessoas que morreram e que não podem jamais ser esquecidas. Memória também para alimentar a formação de consciência histórica, política e crítica voltada à democracia e contrária a toda forma de repressão, opressão, torturas e violências, típicas do regime ditatorial. 

 

Contar para as novas gerações sobre um período de terror vivido no país trata-se de uma denúncia que contribui para o enfrentamento da banalização e do escárnio sobre a ditatura brasileira, exemplificadas em frases como “no período da ditadura, deviam ter fuzilado uns 30 mil” e “o erro da ditadura foi torturar e não matar”.

 

Nesse sentido, relembrar os 60 anos do Golpe no contexto de hoje é também alertar para a recente tentativa golpista do 8 de janeiro de 2023, alvo de inquérito do Supremo Tribunal Federal para investigação de crimes como associação criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, ameaça, perseguição e incitação ao crime. Além de um ex-presidente, são investigados políticos, militares e empresários como autores intelectuais e financiadores da tentativa de golpe do 8/1. 

 

Para os responsáveis pela tentativa de golpe não deve ter anistia!

 

É importante registrar a lembrança de todas as mulheres que foram vítimas da ditadura civil-militar no Brasil, incluindo muitas assistentes sociais, que lutaram bravamente pela democracia e passaram por diversas repressões e torturas. Muitas dessas assistentes sociais se organizavam em movimentos sociais e partidos políticos, para contestar perdas de direitos democráticos e inúmeras violências do Estado.

 

Relembrar também a vida ceifadas dos povos indígenas assassinados no período ditatorial, tendo em vista que o relatório da Comissão Nacional da Verdade, finalizado em 2014, indicou que, apenas na investigação de dez povos, foram estimadas mais de 8 mil mortes decorrentes do governo militar.

 

Como em todo momento da história do país desde a colonização, as mulheres passaram por violências particulares na ditadura civil-militar, como as coerções, perseguições e violências sexuais. A tortura foi diferenciada para homens e mulheres, o que denuncia a histórica e violenta apropriação patriarcal sobre os corpos femininos.  

 

 

Serviço Social, Memórias e Resistências contra a Ditadura

O projeto Serviço Social, Memórias e Resistências contra a Ditadura, organizado pelas gestões do CFESS Tempo de Luta e Resistência (2011-2014) e Tecendo na Luta a Manhã desejada (2014-2017), recupera histórias de vida de algumas assistentes sociais que lutaram contra a ditatura.

Por meio do Projeto, o CFESS não só desvelou sofrimentos impostos a elas, mas valorizou seu compromisso (e sacrifício) por justiça social e direitos humanos. Um Serviço Social comprometido com as históricas lutas da classe trabalhadora e com a liberdade.

 

Assistentes sociais como Marilda Iamamoto, Rosalina Santa Cruz, Cândida Magalhães, Bia Abramides, Joaquina Barata Teixeira, José Paulo Netto, Vicente Faleiros, Ana Maria Santos Rolemberg Côrtes, Ana Maria Ramos Estevão, Ana Maria Tereza Fróes Batalha, Candida Moreira Magalhães, Iza Guerra Labelle, Maria Lúcia de Souza, Maria Rosângela Batistoni, Mariléia Venâncio Porfírio e Rute Gusmão Pereira de Azevedo contaram suas histórias de luta e resistência, registradas em texto e vídeo.

 

Nesse sentido, é lamentável a postura do atual governo de não relembrar o Golpe de 1964,  já que os traços autoritários, exacerbados ao longo da ditadura, são legados que o país carrega até hoje.

 

A memória histórico-crítica do que foi e do significado da história real da ditadura civil-militar no Brasil é uma necessidade, para distanciar o país dos riscos de um retorno à autocracia burguesa, tanto por parte daqueles que caem no “canto da sereia” de que um governo ditatorial ofereceria supostas melhorias para o país, quanto pela persistência de perspectivas fascistas nas relações sociais e políticas. 

 

O CFESS manifesta solidariedade a todas as pessoas que foram vítimas da ditadura civil-militar, bem como aos familiares delas, e repudia qualquer alusão comemorativa ao golpe de 1º de abril de 1964, bem como a omissão do Estado diante dos responsáveis pelos crimes contra a humanidade cometidos durante a ditadura civil-militar. 

 

Lembrar, para que nunca mais se repita!

 

 

Baixe o livro Serviço Social, Memórias e Resistências contra a Ditadura

 

Assista à seleção de vídeos e à exposição do Projeto

 

Relembre

Mesa histórica reúne assistentes sociais que enfrentaram a ditadura

 

Exposição resgata memória da luta de assistentes sociais contra a ditadura

 

Lançamento de livro de depoimentos marca encerramento do Projeto Serviço Social contra a Ditadura

 

Serviço social contra a ditadura: respeito às famílias de desaparecidos políticos!

 

Dicas de leitura

Artigo O Custo do Silêncio, por Elaine Behring

 

Livro História de um Tempo Sem Memória: Resistência Das Mulheres Do Serviço Social Na Ditadura, de

Maria Elaene Rodrigues Alves

 

Ditadura e Serviço Social: uma análise do Serviço Social no Brasil pós-64 (José Paulo Netto)

 

 

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Comunicação/CFESS

Rafael Werkema - JP/MG 11732

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