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Terça, 02 de Abril de 2024.

A luta anticapacitista também é do Serviço Social, sabe por quê?
Hoje é o Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo, 2 de abril

 

um card lilás, com a árvore do Código de Ética ao fundo e o símbolo de infinito (uma espécie do número oito deitado), nas cores do arco-íris, circulando a árvore. Texto reforça a chamada para a data.

Arte: Rafael Werkema/CFESS e Karlla Braga/estagiária sob supervisão

 

O Conjunto CFESS-CRESS assumiu o compromisso com a luta anticapacitista, sendo uma das estratégias a construção de comitês para impulsionar e acompanhar essa pauta. O CFESS e alguns CRESS já possuem os Comitês Anticapacitistas. E deles podem participar assistentes sociais com e sem deficiência, para fortalecer a luta contra o preconceito no Conjunto CFESS-CRESS e na categoria. Nessa direção, e celebrando o Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo, o Conselho Federal traz o debate à tona novamente, para falar de novidades e dos desafios que a luta anticapacitista coloca para o Serviço Social. 

 

Antes de começar, vale relembrar: você sabe o que é capacitismo? É o nome dado ao preconceito contra as pessoas com deficiência. Com frequência, é possível ver atitudes, discursos e falas capacitistas nas redes sociais, na televisão, de políticos(as), autoridades, pessoas públicas. “Por isso, também cabe a nós, assistentes sociais de luta, refletir sobre nossas atitudes no cotidiano”, ressalta a conselheira Alana Rodrigues, integrante do Comitê Anticapacitista do CFESS.

 

O Comitê do CFESS é formado pelas conselheiras Alana Rodrigues, Angelita Rangel, Emilly Marques, Jussara Ferreira, pela assessora em Serviço Social do CFESS Clarisse Maria da Conceição e pelas assistentes sociais de base Eliane Wanderley de Brito e Lucia Torres Paiva Juliano. O objetivo do comitê é contribuir e acompanhar as deliberações e atividades do CFESS e do Conjunto CFESS-CRESS na luta anticapacitista, em interface com as demais comissões, fortalecendo a compreensão da pauta como uma bandeira de luta do Serviço Social brasileiro e princípio ético que deve ter engajamento de assistentes sociais com ou sem deficiência e deve ser pautado nos espaços sócio-ocupacionais e de participação social. 

 

De acordo com a assistente social Lucia Paiva, que é uma pessoa autista, a luta anticapacitista é, acima de tudo, uma luta política, de dar voz e espaço a uma minoria social tão invisibilizada, que são as pessoas com deficiência. 
 
“O autismo é mais uma expressão da neurodiversidade humana, não é uma doença. Apenas uma maneira diferente de existir, de processar as informações e o mundo à sua volta. Autistar é resistir. A nossa sociedade (psicofóbica e capacitista) é criada e moldada para pessoas neurotípicas, resultando em déficits na interação social de pessoas autistas quando em contato com essa realidade e suas barreiras. Pessoas autistas enfrentam diversas barreiras, inclusive, para ingressarem e se estabelecerem no mercado de trabalho”, explica Lucia. 
 
Segundo a assistente social, para que a categoria passe a intervir junto a pessoas autistas e suas famílias, sua atuação deverá ser qualificada dentro das dimensões ético-política, teórico-metodológica e técnico-operativa. “É relevante salientar a importância de assistentes sociais terem conhecimento sobre os direitos de pessoas dentro do espectro autista, a fim de orientar usuárias e usuários atendidos, como a Lei Berenice Pianna (12.764/12), que criou a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista; o Estatuto da Pessoa com Deficiência (13.146/15), entre outras legislações”, enfatiza Lucia Paiva.

 

Live marcou também o lançamento do Comitê

 

Comitê já constrói estratégias 

 

O Comitê se reuniu no dia 22 de fevereiro na sede do CFESS, em Brasília, para dialogar sobre estratégias de combate ao preconceito contra pessoas com deficiência, em especial nas ações, eventos e estruturas dos próprios conselhos. Seja nas fichas de inscrição de eventos, seja na comunicação com a categoria, seja no próprio espaço físico do CFESS e dos CRESS. 
 
Para a conselheira do CFESS Alana Rodrigues, “a instituição dos Comitês simboliza o compromisso histórico do Conjunto CFESS-CRESS nas lutas pelos direitos das pessoas com deficiência, mas também possibilita que as nossas entidades possam construir ações concretas no âmbito do anticapacitismo, que reverberam no trabalho profissional de assistentes sociais". 
 
A assistente social Eliane de Brito, que também é pessoa com deficiência, aponta alguns desafios para o comitê que, segundo ela, tem como objetivo endossar a luta da categoria por uma sociedade mais justa e equitativa. 

 

"A presença de profissionais que experienciam a deficiência em qualquer de suas representações neste espaço evidencia a perspectiva de promover o diálogo com a sociedade em geral sobre a importância da garantia de condições necessárias para a efetiva participação  das pessoas com deficiência em todos os espaços e, desse, modo dialogar com o lema ''nada para nós sem nós'', como forma de conclamar a categoria a realizar ações que visem a desconstruir e reconstruir olhares sobre a deficiência e os sujeitos que a vivenciam”, explica Eliane. 

 

O Comitê anticapacitista do CFESS se apresentou à categoria no dia 20 de março, no dia do lançamento do Glossário em Libras do Serviço Social. Assista aqui

 

No planner digital e na Agenda Assistente Social 2024, constam diversas datas de luta das pessoas com deficiência e também um depoimento de coletivo de luta de pessoas com deficiência, como o Coletivo Acessibilindígena (Coletivo de Indígenas com Deficiência).  

 

Integrantes do Comitê seguram bandeira do CFESSIntegrantes do Comitê

 

Novo símbolo para representar o tema 

 

Até pouco tempo, para representação da temática do autismo, era utilizado um símbolo do quebra-cabeça, uma figura reconhecida nacionalmente e internacionalmente e ainda reproduzida em vários materiais sobre o tema. A assistente social Lucia Paiva conta que foi criado por uma organização americana que buscava, por meio da imagem de quebra-cabeças, "encaixar” autistas aos moldes da sociedade. 

 

Entretanto, segundo ela, além de posicionamentos equivocados por parte da tal organização norte-americana, que desqualificavam sua representatividade, a comunidade autista reivindicou e criou seu próprio símbolo, que é uma figura representando o infinito (lemniscata), com as cores do arco-íris é o arco-íris. “É também conhecido como logotipo da neurodiversidade e significa que, dentro do autismo e dentro de outras neurodiversidades, há muitas expressões de diversidade e de existência, como pessoas negras pessoas, Lgbtqia+, pessoas com outras deficiências para além do autismo”, reforça Lucia.

 

Ela ainda destaca: “a questão do arco-íris, das múltiplas cores, é para celebrar as múltiplas diversidades e expressões do próprio autismo, porque nenhuma pessoa autista é igual à outra, é como se a gente pegasse como é um espectro. Imagine um arco-íris que também é um espectro de cores, então cada ponto que você pega no arco-íris, ele vai ter nuances diferentes, mesmo dentro do próprio amarelo, um ponto vai ter algum tom diferente do outro, então é para representar a própria diversidade dentro do autismo, além dos diferentes níveis de suporte, as múltiplas diversidades também. A pessoa temas suas características próprias, as suas dores e as suas recompensas também, e a gente se sente muito representado pelo infinito!”, finaliza. 

 
Clique aqui para acessar o conteúdo digital da Agenda 2024

 

Anticapacitismo e exercício profissional: perfil de assistentes sociais com deficiência

 

Conselho Federal de Serviço Social - CFESS

Gestão Que nossas vozes ecoem vida-liberdade - 2023/2026

Comunicação/CFESS

Diogo Adjuto - JP/MG 7823

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