Se tem desinformação, assistente social enfrenta com comunicação!
Data de publicação: 4 de setembro de 2025
Fotos: CFESS, Cassiano Ferraz/CRESS-SC e CRESS-MS
Créditos: Diogo Adjuto/CFESS
“Onde tiver luta, a gente quer o Serviço Social na defesa da justiça social: isso envolve a comunicação como direito humano”. Com esse chamado, a coordenadora da Comissão de Comunicação do CFESS, Emilly Marques, abriu as atividades do 7º Seminário Nacional de Comunicação do Conjunto CFESS-CRESS, realizado nos dias 3 e 4 de setembro pelo Conselho Federal e pelo CRESS-MS, em Campo Grande (MS). O evento contou com a participação de quase 200 pessoas, dentre assistentes sociais e profissionais de comunicação do CFESS e dos CRESS, teve transmissão on-line pelo canal do CFESS no YouTube e a gravação está disponível.
Na abertura, que contou ainda com a presidenta do CRESS-MS, Carmen Barbosa, além de representantes da Enesso (Matheus Costa), Abepss (Leile Teixeira) e do Sindicato dos Jornalistas de Mato Grosso do Sul (Sindjor/MS), a conselheira do CFESS ressaltou a importância da Política Nacional de Comunicação para a atuação profissional de assistentes sociais.
“Vimos a comunicação dos nossos Conselhos florescer nos anos recentes. Estarmos na 7ª edição do seminário nos mostra que as diretrizes de nossa Política de Comunicação estão reverberando no cotidiano. Que este documento chegue a toda a categoria, pois, na nossa atuação, a comunicação é fundamental”, analisou Marques.
Clique e conheça a Política de Comunicação (4ª edição)
A presidenta do CRESS-MS, Carmen Barbosa, enfatizou ainda que o Serviço Social preza por uma comunicação com linguagem não discriminatória. “Essa é também uma estratégia de combate à desinformação, na medida em que o enfrentamento de todos os preconceitos faz parte de nossos princípios éticos, não só nos instrumentos de comunicação, mas em nossa atuação profissional cotidiana”, afirmou.
Colonialismo digital: você sabe por que isso impacta o Serviço Social?
A primeira mesa de debate trouxe o tema “Colonialismo digital, inteligência artificial e algoritmos do preconceito e da exploração”. A mesa, coordenada pelo conselheiro do CFESS Ubiratan Dias, contou com as palestras do professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Walter Lippold e com a integrante do coletivo Midia Ninja/Floresta Ativista Pamela Ortiz.
“Você sabia que as informações do DataSus rodam nos sistemas da empresa Amazon?” questionou o professor Lippold, ao iniciar dando exemplo de um caso de um ex-funcionário do governo Bolsonaro, que saiu do cargo para trabalhar na empresa americana. O professor tratou do conceito de colonialismo digital e seus impactos na sociedade, em especial, para a classe trabalhadora. Também falou sobre a relação de algoritmos, inteligência artificial e a reprodução/perpetuação de preconceitos e violências.
Além desses, Walter Lippold explanou sobre os conceitos de racismo algorítmico, plataformização, uberização e precarização, o que chamou de “a construção do CEO de si”. No entanto, a fala do professor, disponível no canal do CFESS no YouTube, também analisou possibilidades de enfrentamento dessas questões dentro das condições colocadas para a classe trabalhadora, diante do atual modelo das grandes empresas de tecnologia (as chamadas Big Techs), citando, por exemplo, a utilização de redes alternativas com software livre.
A fala da ativista Pamela Ortiz seguiu na direção das estratégias de se contrapor à força dos algoritmos. “As redes da Midia Ninja e da Floresta Ativista foram pensadas para a gente poder contar as nossas histórias, fortalecer a informação de qualidade, noticiar, divulgar e engajar comunidades de cultura, economia, política, esportes, meio ambiente, sem depender dos grandes veículos e da grande mídia”, explicou Ortiz.
De acordo com Pamela Ortiz, o enfrentamento da desinformação também passa pela junção de comunidades em um espaço onde elas possam se conectar.
Clique e assista ao primeiro dia de atividades do Seminário de Comunicação
O que o Serviço Social tem a ver com isso tudo?
A segunda mesa, na parte da tarde, teve como tema o “Ataque à democracia e a dominação pela desinformação e pelo consumo”, com a jornalista e coordenadora executiva do Intervozes Ana Mielke, e o assistente social e representante do CFESS no Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), Leonardo Koury.
A coordenadora do Intervozes falou sobre liberdade de expressão e desinformação no cotidiano, estratégia “rentável”, em especial para a extrema direita no Brasil e no mundo. Mielke apresentou também um panorama do comando das redes de informação e mídia no país.
“A desinformação é uma técnica que, a partir da extração de dados, permite a manipulação da informação com intuitos bem definidos, ação possibilitada pelas plataformas das redes sociais”, explicou a jornalista. Ela acrescentou ainda que, somado a isso, está a ideia de deslegitimar as instituições, criando desconfianças sobre elas, sobre o jornalismo, juntamente à falsa noção de liberdade de expressão.
“Mas a internet também pode ser democratizadora da própria democracia, a exemplo dos blogs independentes de política, economia, cultura. Precisamos fortalecê-los coletivamente com as nossas pautas e defesas”, completou Mielke.
Leonardo Koury, assistente social, enfatizou a inserção do Serviço Social e o compromisso no combate à desinformação no cotidiano de trabalho de assistentes sociais; bem como as possibilidades, dentro e fora da profissão, de uma internet mais democrática.
“A nossa atuação profissional pode contribuir ativamente para a socialização da informação qualificada como estratégia de enfrentamento das notícias falsas e da desinformação, afinal, estamos cotidianamente levando informações para a população usuária de nossos serviços”, avaliou.
Segundo Koury, a expressão da identidade do Serviço Social à luz do projeto ético-político da categoria perpassa toda a comunicação produzida pelo Conjunto CFESS-CRESS, mas não só. “Estamos em diálogo com a população e com a categoria no Brasil inteiro. É nosso dever desconstruir notícias falsas enquanto a sociedade capitalista em que vivemos cria ideologias para que não se reflita sobre as opressões a que estamos submetidas e submetidos todos os dias”, disse o assistente social, acrescentando que a comunicação da categoria deve ser pedagógica, dialógica e educativa.
Koury citou ainda exemplos concretos de enfrentamento da desinformação em sua atuação profissional na política de assistência social em Minas Gerais. “Por isso a nossa defesa é de uma comunicação pública, diversa, construtiva, que deve ser o modelo do qual fazemos uso na atuação profissional”, finalizou.
Você sabe fazer Audiodescrição?
O 7º Seminário Nacional de Comunicação terminou com uma Oficina sobre Audiodescrição e Acessibilidade em imagens, vídeos e redes, com Mylena Rodrigues e Felipe Mianes, respectivamente audiodescritora e audiodescritor da empresa “AD em Todos os Cantos”.
Na atividade, Mylena e Felipe explicaram o que é audiodescrição, apresentaram normativas disponíveis e recursos disponíveis de acessibilidade. Também ensinaram como produzir uma audiodescrição para os mais diferentes materiais e espaços: fotos, cards para redes sociais, peças gráficas em geral, artes/ilustrações e vídeos.
O CFESS lançou neste ano o folder “Audiodescrição e Serviço Social”. O guia prático, que conta com orientações para uma ação anticapacitista, trabalha, de forma sintética, este recurso de acessibilidade comunicacional para pessoas com deficiência visual (cegas ou com baixa visão), deficiência intelectual e/ou neurodivergentes.
Acesse o folder “Audiodescrição e Serviço Social”
Clique aqui e assista à Oficina sobre Audiodescrição e Acessibilidade