#descriçãodovídeo Música leve. Fundo em cores roxa e púrpura, um desenho de uma mulher aparece segurando um ramo da obra de Arthur Bispo do Rosário. Ela sopra esse ramo, que se espalha e faz brotar a árvore do Código de Ética, substituindo o número um do texto 2021. Acima, a frase Que Sejamos Puro Movimento. Arte: Rafael Werkema/CFESS
Um ano que “nem mesmo começou”, mas parece não ter fim. Não sabemos mensurar se passou rápido ou devagar, quando todos os processos se precipitaram, em tempos sombrios e de enfrentamentos tão acirrados, num complexo cenário de pandemia e da crise estrutural do capital, em que a classe trabalhadora tem o desafio de resistir e enfrentar muitos ataques e perdas.
A categoria profissional se mostrou aguerrida e enfrentou os medos e as tristezas com coerência e firmeza na perspectiva do projeto ético-político profissional, e não se deixou abater. O Conjunto CFESS-CRESS mostrou o tamanho da força e da coragem no enfrentamento dos tantos desafios, tantas dores e tantas lutas, numa conjuntura difícil e ameaçadora. Não estivemos sós, a articulação e a unidade das entidades nacionais do Serviço Social (Abepss e Enesso) e a parceria de outras entidades, articuladas em Fóruns, Frentes, Conselhos, seguem juntas na defesa do Serviço Social brasileiro e das liberdades democráticas. Também respondemos com a articulação da América Latina e Caribe, em defesa do Serviço Social crítico. Denunciamos os impactos desastrosos para a classe trabalhadora e os estragos causados pela sociabilidade capitalista, como a ampliação do desemprego, da fome, da precarização do trabalho. A barbárie se aprofunda em nossos países, já massacrados pela histórica desigualdade social, econômica e regional, na divisão mundial do trabalho.
A luta de classes segue sem empate! A sociedade estruturada na exploração do trabalho, no patriarcado e no racismo impactou violentamente a vida das populações negras, mulheres, jovens, LGBTQI+, indígenas, ribeirinhas/os e quilombolas. Esse cenário segue mobilizando nossas entidades na luta pela emancipação humana e social, que passa pela defesa da saúde pública, da assistência social, dos direitos humanos, da educação e contra todos os retrocessos nas conquistas da classe, denunciando as violências, assédios, o desmonte das estruturas de serviços públicos, rebaixamento de salários e cortes de recursos. Resistimos às requisições indevidas para o trabalho profissional e lutamos pela autonomia profissional, da universidade pública, dos órgãos de pesquisa e da liberdade de expressão.
O legado das companheiras e companheiros que perderam suas vidas no campo do trabalho profissional mereceu nosso reconhecimento e respeito e no inspira a continuar apostando nesta profissão, que se compromete com os povos oprimidos, explorados e invisibilizados. Isso alimenta a nossa esperança e os valores do projeto ético-político, construído cotidianamente por muitas gerações de assistentes sociais.
Que, nesta passagem simbólica do tempo, possamos aproveitar para realimentar esses mais nobres ideais, mas não nos iludamos, pois a paz não se fará sem a guerra. No front das batalhas, vamos precisar de todas as pessoas que compartilham de um projeto de sociedade diferente dessa, mas o horizonte da utopia, como disse Galeano, serve apenas para nos fazer caminhar. Que, neste final de ano, possamos abrir nosso espírito para a arte, a poesia, o conhecimento e a cultura, lembrando que a crueza da luta e da dura realidade não deve sufocar em nós a ternura, que é própria da condição de humanidade. Por alguns instantes de necessário repouso, renovemos a energia para a luta, cada vez mais sangrenta diante do acirramento das contradições do capitalismo. Vamos à luta! Estaremos juntas e juntos.
“O que vale é o ser humano
E sua dignidade
Vivemos num mundo insano
Queremos mais liberdade,
Pra que tudo isso mude
Certeza, ninguém se ilude
Não tem tempo, nem idade”
(Moraes Moreira)
Conselho Federal de Serviço Social - CFESS
Gestão Melhor ir à luta com raça e classe em defesa do Serviço Social - 2020/2023
